Padre Paulo Ricardo
Foto:Wesley Almeida/CN
Meus queridos irmãos e irmãs, nós estamos num sábado dedicado à Virgem Maria, e neste acampamento dedicado à família, eu queria dirigir uma palavra sobre Maria. Por ser sábado e por ser ela a Mãe de nossas famílias.
A primeira coisa que quero pedir a você é que não tenha medo de ter uma devoção sincera à Virgem Maria. Eu, como padre, fui formado com uma mentalidade muito escrupulosa. Esta palavra que São Luís Maria Grignion de Montfort , define como aquela pessoa que tem medo de que a devoção a Maria tire a nossa adoração a Jesus, como se Maria fosse tomar o lugar de Jesus. Este medo se chama escrúpulo.
Eu fui educado assim como padre nos meus estudos de teologia. E o que me tirou este medo? Foi o testemunho do bem aventurado Cardeal Newman, que foi beatificado por Bento XVI na Inglaterra.
O Cardeal, no século XIX, olhou para a Europa e notou algo interessante. Que no século XIX, já tinha começado este processo de secularização que estamos vendo no nosso século XXI. Hoje, a gente vê que, quem tem o poder na Europa é a mídia 'secularista', sem fé, negando as suas raízes cristãs.
Infelizmente a Europa está vivendo isso hoje. Mas já século XIX, o Cardeal Newman viu que a fé era forte nos países que tinham uma devoção a Maria, como os países que tem grandes santuários marianos.
E nos países que tinham abraçado a reforma protestante, rejeitando a devoção à Virgem Maria para “melhor servir” o Senhor Jesus, nestes países – e aqui eu falo de Alemanha, Inglaterra, Dinamarca, Suécia, entre outros - estavam perdidos no secularismo e na falta de fé. Isto que percebeu o Cardeal Newman, que foi um homem de fé.
Ele disse isto com toda a autoridade porque ele foi protestante, e também destes devotos escrupulosos com medo da devoção á Virgem Maria. Mas convertendo-se ao catolicismo, percebeu que a devoção a Maria só reforçava sua adoração a Jesus.
A Bíblia, em lugar nenhum, chama Maria de 'Nossa Senhora', é verdade. Mas, se olharmos para vida do próprio Jesus, temos de admitir que Jesus obedecia Maria. É importante ressaltar que houve uma época na vida de Jesus que Maria era senhora. São Lucas, na passagem que fala do encontro com Jesus no templo, junto aos doutores da lei, disse que Jesus era submisso a Maria.
"Se Jesus deu autoridade a seus discípulos, por quê não daria à Sua Mãe?"
Foto: Wesley Almeida/CN
Deus não precisava desta mulher [Maria], mas ele quis precisar dela. Deus num estalar de dedos poderia vir de qualquer forma para este mundo, mas Ele quis precisar de Maria. Se Maria é uma “mulher qualquer”, como blasfemam alguns irmãos, dizendo que Maria é só uma “mulher qualquer”, eles ofendem a Deus gravemente dizendo isso, porque Jesus amava sua mãe. Como você se sentiria se dissessem que sua mãe é uma mulher qualquer?
Até os criminosos mais maldosos, que tem os corações mais encardidos, até eles amam as suas mães, por que nosso Divino Salvador não amaria a Sua Mãe? São Lucas foi claro em colocar na Bbíblia a palavra “mãe de Jesus”.
Qualquer um que tenha uma pequena inteligência, que não seja orgulhoso e cego, é capaz de admitir que no início da vida de Jesus, Maria era mãe e senhora. É claro que depois Jesus saiu de casa e de alguma forma se tornou independente de Maria para cumprir sua missão. É nesta outra fase da vida de Jesus, da sua missão, que fica claro o Seu Senhorio.
Sim, Jesus é o Senhor, mas o Senhorio de Cristo passou pela obediência a uma mulher.
Deus veio e pediu o consentimento de Maria, que se humilhou e disse “Eis aqui a serva do Senhor”, ou seja, ela aceitou aquela situação constrangedora de engravidar “sem saber” quem era o pai. Nós sabemos a narrativa, sabemos da história, mas Maria, segundo a lei, precisava ser rejeitada por José e, sendo rejeitada pelo seu marido com uma ou duas testemunha, seria apedrejada publicamente porque trouxe desonra à sua casa. Mas José amava Maria; ele olhava para aquela menina de 13 ou 14 anos de idade e se encantava com a beleza de Maria.
Em todas as aparições, Maria aparece belíssima. A Virgem Maria no Japão aparece como japonesa, no México como uma indígena, em Portugal como uma portuguesa, e em todas essas aparições, é uma mulher tão bela como nunca vimos.
A beleza, quando ela vem da alma, transfigura os nossos corpos e nossos rostos. Quando você vê uma pessoa má, você enxerga uma maldade naquele rosto. Ao contrário, você olha para uma Madre Teresa de Calcutá, e enxerga um rosto com uma candura de alma estampada. O rosto de Maria deveria ser algo indescritível e José via aquela perfeição numa menina, não só fisicamente, mas principalmente na sua alma.
Padre Paulo em homilia durante o Acampamento para Famílias
Foto: Wesley Almeida/CN
José era um homem justo, resolve rejeitá-la escondido. José sabia que deveria obedecer a Deus, pela lei, mas ficava dividido, numa angústia porque também amava Maria; eis o drama de José.
Mas Deus intervém, e manda um anjo para dizer a José, e hoje a mim e a você: “não temas receber Maria”. Eu falo pra você que tem escrúpulos, você que tem medo da devoção a Maria, você que quer ter Jesus como seu único Senhor, você que professou a sua fé em Jesus o Filho de Deus, eu digo a você: “Não tenha medo de receber Maria”. José também teve medo de não estar obedecendo a Deus até que um anjo fosse enviado para dizer que ele não deveria temer em receber Maria. Então, a devoção a Maria não atrapalha em nada a nossa adoração a Jesus, pelo contrário, nos leva a Jesus.
O nosso caminho é o caminho de Jesus. Ele disse: “Eu sou o caminho, a Verdade e a Vida, e ninguém vem ao Pai se não por Mim”.
Sim, Jesus é o caminho, então significa que temos que seguir o caminho d'Ele. Jesus disse assim: “quem quiser vir após Mim tome a sua cruz e siga-Me”. Ele é o Caminho e a Igreja sempre caminhou assim, no caminho de Cristo. A Igreja verdadeira sempre seguiu Jesus na paixão, morte e ressurreição. Os verdadeiros cristãos, os legítimos, sempre seguiram Jesus caminhando para a morte. O cristãos sabem que para cada tentação tem uma escolha a fazer. Como diz Orígenes: “O cristão, depois de uma tentação, ou sai idólatra ou sai mártir.”
Jesus disse: “Eu Sou o Caminho”, mas, sinceramente, não estamos prontos para ele. E como vamos nos preparar para este caminho? Vamos nos preparar para o martírio como Jesus se preparou: na casa de Maria. É pelo caminho da obediência que nos preparamos para o martírio. Jesus se fez servo obediente, mas se fez servo de quem? A Deus? Sim, mas Jesus, na Palavra, se fez obediente também a uma criatura humana que Deus escolheu para preparar o caminho do Seu Filho: Maria.
Deus escolheu pessoas humanas para que também nós trilhemos o caminho de Seu Filho, o caminho da obediência. Pessoas presunçosas que dizem “eu não vou obedecer o Papa porque ele também é pecador”. Este é o caminho da presunção e da perdição. Deus não precisa de padre, mas Ele quis precisar, Ele não precisa de Papa, mas ele quis precisar, ele não precisava de Maria, mas Ele quis precisar.
Que sentido teve, Deus vir através de um anjo perguntar se Maria queria ou não ser a mãe do Salvador? Maria viveu isso, e todo cristão quando obedece a seu Senhor, ele reina. Seguir a Deus é reinar com Deus, reinar sobre o mal. Se Deus deu esta autoridade a seus discípulos, de reinar sobre toda criação, porque não daria à sua mãe? Quando Maria manda, até satanás obedece, pois ele olha pra ela e sabe muito bem que Jesus obedeceu esta mulher, e que esta mulher também foi obediente até à cruz.
Jesus não disse, “Eu Sou o caminho, mas vocês me imitem somente nos últimos 3 anos de minha vida. Nos outros trinta não precisam me imitar não". Não gente, nós precisamos imitar o Jesus que viveu 33 anos de sua vida aqui na terra, mas durante trinta anos, a Palavra de Deus, que é o próprio Jesus, viveu calada na casa de Maria, sendo formada e educada no silêncio de Nazaré. Não sejamos escrupulosos. Se você acha que ser servo de Maria, ser escravo de Maria, ser filho de Maria, vai atrapalhar o fato de você ser servo de Jesus, ouça a voz do anjo que diz: “Não temas em receber Maria como sua mãe”.
Transcrição e adaptação: Daniel Machado
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